Project Description

Casa Grelha

Dados Técnicos

Localização: São José dos Campos, SP – Brasil

Tipo de Construção: Residencial Unifamiliar

Área do terreno: 68 mil m²

Área construída: 3.123 m²

Início do projeto: 2005

Conclusão da obra: 2008

Equipe

Autores: Fernando Forte, Lourenço Gimenes, Rodrigo Marcondes Ferraz

Coordenadores: Renata Davi

Colaboradores: Adriana Junqueira, Ana Paula Barbosa, Bruno Araújo, Eva Suárez,

Luiz Florence, Marília Caetano, Nilton Rossi, Renata Góes

Estagiários: André Malheiros, Débora Zepellini, Ivo Magaldi, Luciana Muller, Paloma Delgado

Fotógrafo: Ale Schneider, Ivo Magaldi, Rafaela Netto

Equipes Complementares

Construtora: Tecnocasa Construções, Orbital

Projeto de Estrutura e Fundações: Yopanan Rebello, MCG Estruturas, Orbital

Projeto de Instalações Hidráulicas e Elétricas: Juveniel Reis

Paisagismo: CAP Paisagismo

Projeto Luminotécnico: Studio IX

Projeto de Interiores: FGMF Arquitetos

Painel Artístico: Fábio Flaks

Fornecedores: Esquadrias Hitalianas, Ambar Vidros, Alpha Vidros, Juveniel Reis,

Marcenaria Rutra, Casa Franceza, Parquet SP, Viverde

No terreno de 22 alqueires, apenas uma área de 65mil m2 não é coberta pela exuberante mata virgem, de proteção permanente. Nessa área de topografia bastante acidentada, onde afloram grandes pedras cercadas de araucárias, escolheu-se um pequeno vale protegido dos ventos e próximo à mata. Esse lugar é o encontro dos trajetos naturais do pedestre: é o local para onde se dirige aquele que chega ao terreno, é por ali que se acessa a trilha que adentra a mata e por onde se acessa o trecho mais alto do terreno que descortina impressionante vista.

Três importantes questões nortearam a concepção do projeto: a demanda por uma casa térrea, a vontade de se estabelecer relação direta com o terreno e a natureza, e ainda a necessidade de se observar a privacidade entre os membros da família, embora o programa principal da residência devesse estar em uma única construção. Outro fator considerado é a grande umidade da região, que sugeria uma casa elevada do solo.

Uma grelha estrutural em madeira, com módulos de 5,5×5,5x3m é suspensa sobre esse núcleo de acessos, conectando os caminhos existentes e criando novos. Assim, atravessa-se a estrutura-ponte é atravessada de três formas: por cima (pelo teto-jardim que é uma continuidade do terreno), por baixo (através de um jardim com espelho d’água e pedras naturais) e pelo meio da casa (através de uma circulação externa coberta). Essa grelha possui módulos ora ocupados por ambientes fechados, ora totalmente vazados, permitindo que árvores do jardim inferior atravessem a estrutura.
O programa contido na grelha é composto de um núcleo com áreas de serviço, sociais, quarto de hóspedes e apartamento do proprietário, e três módulos isolados, com dois quartos cada, para os filhos. Entre eles, módulos vazios exaltam a continuidade estrutural e valorizam os vãos por onde o jardim se faz presente Esse jogo de cheios e vazios permite a organização fragmentada do programa, de forma a resguardar a privacidade dos usuários e ao mesmo tempo permitir a compreensão do conjunto como unidade coesa.

Suspensa sobre o vale e fundida nos morros, a casa se transforma em terreno e o terreno em casa, construindo uma nova paisagem. O vazio construído, simultaneamente interno e externo, permite ver as pedras e jardim sob a grelha, a mata virgem, as árvores do entorno e os arrimos em pedra, onde a casa mergulha.

A grelha de madeira está apoiada em um conjunto de pilares de concreto e está engastada no morro em duas laterais, quase como se brotasse do solo. Nesse ponto de contato o terreno é desenhado por grandes muros de gravidade executados com pedras retiradas do próprio local. Para evitar um número excessivo de pilares nos 2000m2 de projeção da estrutura, e para se conseguir visuais mais abertas no jardim inferior, ensaiou-se a utilização de grandes vigas vagão a cada dois módulos, executadas em aço cor-ten e com 11m de comprimento cada. Essas vigas, juntamente com o paisagismo, formam um conjunto importante desta obra.

Sobre o morro mais alto, de onde se tem a vista mais generosa do horizonte montanhoso, foi projetado o pavilhão de lazer, dividido em dois blocos com a mesma modulação da residência principal. O pavilhão se apóia em vigas metálicas de aço cor-ten na forma de asa, que permitem balanços de 100% do vão, nas bordas do morro. Entre os dois blocos de lazer, um pátio convida os moradores a atividades externas. O pavilhão de lazer e o bloco da residência, que têm a mesma grelha estrutural, evidenciam situações antagônicas da ocupação do terreno – seja no vale como no morro, o módulo é capaz de dialogar claramente com a topografia. Outros 3 pavilhões de serviço com garagens, casa de caseiro, quartos de empregada, vestiários, depósitos etc. são construções pavilhonares com o mesmo módulo de 5,5×5,5m, mas com estrutura de pedra. Grandes empenas paralelas de pedra fincam-se no solo e suspendem as lajes. Enquanto as construções de madeira são leves e etéreas, esses blocos evidenciam sua função diversa através do claro apoio das pesadas empenas sobre o solo.

Foram definidas três escalas de intervenção paisagística. A proposta é reconstituir as margens da mata e criar uma transição entre o campo aberto e floresta fechada através da utilização de espécies vegetais nativas e compatíveis com a região. Ao mesmo tempo, no restante da área descampada, cria-se uma ocupação de parque, com percursos e descansos nos principais pontos de interesse visual. Por último, nos locais próximos às construções, acontece um jardim de pré-arquitetura. Na cobertura, em que cobertura dá continuidade ao terreno, existe um espelho d’água linear que evita o uso de guarda corpo e se relaciona com o grande espelho d’água que está localizado no jardim inferior, ao redor da maior pedra existente no local.

Implantação

Planta Térreo

Corte A

Pavilhão