Project Description
Siga Moema
Dados Técnicos
Localização: São Paulo, SP – Brasil
Tipo de Construção: Uso misto
Área do terreno: 1.600 m²
Área construída: 12.353 m²
Início do projeto: 2017
Conclusão da obra: 2021
Equipe
Autores: Fernando Forte, Lourenço Gimenes, Rodrigo Marcondes Ferraz
Coordenadores: Luciana Bacin, Daniel Paranhos, Gabriel Mota, Guilherme Prado
Colaboradores: Amanda Leite, Ana Carolina Baptistella, Ana Orefice, Bárbara Dolabella, Carol Magliari, Desyree Niedo, Eduardo Vale, Fabiana Kalaigian, Felipe Fernandes, Fabiana Kalaigian, Guilherme Canadeu, João Baptistella, Juliana Cadó, Lívia Veroni, Mariana Leme, Náthalie Gomes, Paula Schenini, Priscylla Hayashi, Talita Broering, Thiago Brito, Victor Lucena
Estagiários: Aryane Dias, Caio Caccaos, Ciro Dias, Giancarllo Bruno, Giovanna Albuquerque, Giulia Lorenzi, Michele Vasques, Patrícia Carvalho, Pedro Ocanhas, Vinícius Gonçalves
Fotógrafo: Fran Parente
Localizado em uma esquina movimentada de bairro densamente urbanizado, em São Paulo, o Siga Moema é exemplar da virtude do convívio de usos distintos em uma mesma edificação, motivado pela nova legislação urbanística paulistana. Sua fachada ativa é composta por caixas de concreto que delimitam lojas em dois pavimentos do embasamento, além de nove estúdios de 30 metros quadrados no segundo andar. Sóbria, a torre de 16 pavimentos desponta no núcleo da implantação, abrigando três unidades com três suítes em cada um deles.
Com a finalidade de otimizar o uso de serviços urbanos, em especial nas áreas bem servidas pelo transporte público coletivo, o Plano Diretor em vigor na capital paulista fomenta o convívio do uso residencial e do não residencial me uma edificação. Ele também contempla outros parâmetros urbanísticos, como fachada ativa e a fruição pública que, embora não sejam novos, são artifícios que recentemente têm frutificado nos prédios residenciais da cidade.
O Siga Moema assim integra uma nova safra de edifícios residenciais projetados seguindo tais parâmetro, bem como as demandas do cliente para a criação da fachada ativa e apartamentos de cerca de 150 metros quadrados. A edificação utiliza todo o potencial para os demais usos. “Esses são benefícios oferecidos pela lei e cabe ao incorporador avaliar se em um determinado local é viável utilizá-los. Eles criam um diálogo entre legislação e o mercado e nós, arquitetos e urbanistas, tendemos a lamentar o não uso destas oportunidades”, afirma o arquiteto Lourenço Gimenes, um dos autores do projeto.
O prédio foi pensado especialmente para o bairro de Moema, uma região com bastante movimento de pedestres e veículos, servida por linhas de ônibus e metrô e atendida por ampla rede de serviços, lazer e comércio, além de contar com um centro de compras de grande porte. Sua implantação na diagonal em relação ao lote, foge do tradicional modelo ortogonal das construções vizinhas. A finalidade é deixar a torre recuada e criar uma pequena praça para fruição pública na esquina e ao longo da fachada da avenida Iraí, de frente para o hall social do prédio, explica Gimenes. “Isso traz perspectivas incomuns. De dentro para fora é possível encontrar visuais entre os prédios do entorno e, de fora para dentro, a ampliação do vazio na esquina faz a área parecer maior, um espaço urbano mais generoso”, ele afirma.
O recuo da torre deve-se também à presença do conjunto de caixas de concreto que diversifica a composição e define a volumetria das lojas no térreo e no mezanino, compondo a fachada ativa voltada para a alameda dos Maracatins. Estes volumes delimitam igualmente os estúdios de 30 metros quadrados alocados no segundo pavimento.
Em empreendimentos desse tipo, a lei determina a quantidade de unidades que um edifício deve ter como base na área do terreno. No caso do Siga Moema deveriam ser 54 apartamentos, uma somatória, no entanto, que não poderia ser atingida com unidades na metragem almejada devido ao cone de aproximação ao aeroporto de Congonhas, restritivo do gabarito. Para atingir a cota prevista sem aumentar a altura ou a largura da construção, então, foram idealizadas nove unidades menores que criam diversidade na ocupação e podem funcionar como quarto de hóspedes, apartamento para parentes idosos ou até mesmo para um filho adolescente.
A torre residencial é o elemento sóbrio do conjunto. Ela apresenta grandes linhas verticais que integram a estrutura e servem para organizar os limites de terraços e unidades. “Na altura dos estúdios, alguns terraços para dentro e outros para fora reforçam a dicotomia entre embasamento e torre”, ressalta Gimenes. As varandas possuem fechamento com gradis em placas de tamanhos variados em três modulações, formando uma composição livre que se estende até recobrir a testeira da laje. O mesmo tipo de gradil funciona como brise nas janelas dos quartos. A estrutura do prédio de concreto moldado in loco diferencia-se no térreo, onde os processos mais artesanais de trabalho e os cuidados com as formas garantiram o bom acabamento do concreto aparente.
No térreo, o piso da calçada se estende até o hall de entrada, dando continuação à praça externa. A luz filtrada que passa pelos vãos entre as caixas de concreto e chega ao saguão e cria uma atmosfera intrigante, incomum nesse tipo de empreendimento. O design de interiores é enxuto, com o uso de peças de desenho exclusivo, como a versão das luminárias Água Viva – feitas sob medida pela designer Ana Neute. Outro destaque do hall pe a caixa de circulação vertical, com revestimento em cobre patinado.
Além do andar com os estúdios, são 16 pavimentos com três apartamentos de quase 150 metros quadrados por andar, todos com três suítes e varanda. O prédio oferece várias opções de lazer, como salão de festas, academia e brinquedoteca no térreo, além de sauna, piscina e bar na cobertura, que equivale ao 18° pavimento.
Por Nanci Corbioli, para Revista PROJETO
Implantação
Planta Térreo
Planta Segundo Pavimento
Planta Pavimento Tipo